quarta-feira, 27 de maio de 2020


   POR UM QUIABO
                     D. Arbués

         De certa feita, uma amiga quis me servir um quiabo à mesa, o que eu prontamente agradeci mas recusei. Pouco depois, constatei a expressão de prazer com que ela saboreava aquele mesmo alimento que eu rejeitara. Foi então que comecei a pensar que desse mundo não se leva nada e que uma das riquezas da vida é o prazer que se consegue ter com todos os nossos sentidos, inclusive o gustativo, o paladar.
         Como tínhamos muita afinidade, concluí que ela gostava basicamente das mesmas coisas que eu gostava, e ainda tinha a mais o gosto pelo quiabo. Portanto, podia mesmo ser mais rica do que eu na vida por um quiabo!
         A partir daí me esforcei para comer e gostar do máximo de frutas, legumes ou verduras que ia conhecendo. E, naquele dia, descobri que o problema de eu não gostar de quiabo era muito mais meu do que dele. Ou melhor, totalmente meu.

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