POR UM QUIABO
D. Arbués
De certa feita, uma amiga quis me
servir um quiabo à mesa, o que eu prontamente agradeci mas recusei. Pouco depois,
constatei a expressão de prazer com que ela saboreava aquele mesmo alimento que
eu rejeitara. Foi então que comecei a pensar que desse mundo não se leva nada e
que uma das riquezas da vida é o prazer que se consegue ter com todos os nossos
sentidos, inclusive o gustativo, o paladar.
Como tínhamos muita afinidade, concluí
que ela gostava basicamente das mesmas coisas que eu gostava, e ainda tinha a
mais o gosto pelo quiabo. Portanto, podia mesmo ser mais rica do que eu na vida
por um quiabo!
A partir daí me esforcei para comer e
gostar do máximo de frutas, legumes ou verduras que ia conhecendo. E, naquele
dia, descobri que o problema de eu não gostar de quiabo era muito mais meu do
que dele. Ou melhor, totalmente meu.
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