segunda-feira, 26 de agosto de 2024

A Marca do Palhaço

(D. Arbués) 

Às vezes me pego pensando sobre como o tempo atua na percepção das coisas!

Me lembrei hoje da figura do palhaço, tão popular e inocente em tempos nem tão distantes.

Hoje, vejo que o palhaço era divertido mas, também, um grande folgado, como atribui um dito popular ao seu colarinho. Vejam bem: ele saía pela rua fazendo barulho, falando o que bem entendesse. Começava light com um “Hoje tem marmelada? Hoje tem goiabada? Porém, pouco depois, já era folgado ao cantar na porta das casas “E o palhaço o que é? E a molecada respondia como ele os havia treinado: É ladrão de mulher”. E, com a própria mulher, não era elegante “A mulher do palhaço é um colosso – Caiu da cama, quebrou o pescoço”. Voltava a ser light em “O raio, o sol suspende a lua - Olha o palhaço no meio da rua”. Mas, pouco depois já folgava induzindo a criançada a um canto inocente, mas racista: “Olê, Olê bambu...  Filho de nêgo é urubu!... E por aí ia desfrutando de uma imunidade impensável nos tempos atuais.

Eu, tímido, não era de participar disso. Porém, em uma certa ocasião, em Torixoréu, chamado por um colega e vizinho, me juntei aos meninos que iam atrás do palhaço, respondendo em algazarra aos seus disparates para ganhar a entrada gratuita no circo. Ao final da passeata, foi feita a fila de meninos para receber a marca que lhes daria o direito à entrada franca. E lá veio o palhaço aprontando! Para minha surpresa, constatei que, pelo que meu colega ostentava na testa, o palhaço havia escrito, também na minha, um número 24 com um tipo de lápis preto, algo assim. Será que ele não podia ficar na parte engraçada sem ser folgado?  Ele bem sabia de um preconceito que já trazíamos dos adultos com relação ao número 24!

O fato é que, antes de chegar em casa, dei um jeito de esfregar a testa com um papel de pão que encontrei em alguma calçada, até tirar o sinal e ficar apenas com a vermelhidão dos esfregões. E, logicamente, não fui ao circo naquela noite.

No outro dia, não fui mais na comitiva de crianças seguindo o palhaço. Mas, no fim daquela tarde, vi na testa de um outro menino da minha rua que, naquele dia, a marca para entrar grátis era uma pinta feita com uma pomada branca ou algo assim.

Não tive dúvida: Achei a lata de pomada Minâncora de minha vó e, sem que ninguém visse, me marquei diante de um espelho. Naquela noite, fui folgado como o palhaço e entrei de graça, sem tê-lo seguido. Afinal, eu tinha uma entrada de crédito e palhaçada trocada não dói!

Hoje, vejo assim. Naquela noite, só desfrutei e ri muito com as palhaçadas e outras atrações.

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

 

SOTAQUES I – A DANÇA DOS IS

                               Divino Arbués

Talvez pelo dom do ouvido musical, o tempo me ensinou a reconhecer bem a origem das pessoas pelo som de suas vozes e seus sotaques. Dentro desses detalhes, trago algumas curiosidades que compartilho agora com vocês.

Vocês já perceberam que, dependendo da região, as pessoas acrescentam uma letra i nas palavras?  Isso é muito perceptível em alguns casos como, por exemplo, na palavra “mesmo”:  O carioca, além de chiar o s, coloca um i na parte final da primeira sílaba. Assim, o som que se ouve é meismo! O mineiro e parte dos goianos inserem um i no início da sílaba e, assim, o som fica miesmo. Em algumas regiões não se acrescenta um i, mas o s é chiado, como em parte do nordeste, na região norte e na baixada cuiabana. Em algumas outras regiões onde não se chia o s, o mesmo é mesmo, mesmo! Há uma parte do interior de SP que, inclusive, tira o s, pronunciando mêmo. Existe até um gingado carioca que insere um r no lugar do s, dizendo mermo. Eu góstio é desse jeitho, soa nordeste. No Pará, castânia ou tomar bânio...

Em diversas outras palavras, o carioca usa muito acrescentar um i. Quem nunca ouviu a pronúncia do RJ em naiscer, feista etc?  Porém, paismem, isso não lhe é exclusivo. O paulistano também é famoso pelo “estou entendeindo!” - Olha ele, o i, aí! Enfim, curiosidades de um país tão grande e diverso como o Brasil. Voltarei ao tema.

terça-feira, 19 de julho de 2022

COMPARTILHANDO O CONVITE QUE RECEBEMOS COM O LINK PARA PARTICIPAÇÃO NESSA APRESENTAÇÃO NA UFMT - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO. DEIXANDO AQUI O ACESSO PARA TODOS

Folhas e paisagem do Araguaia: o telurismo na poesia de Divino Arbués: via Google Meet
https://meet.google.com/pku-phffcxs


 

terça-feira, 26 de abril de 2022

 

VOCÊ NO MEU MUNDO

                                                       ( Divino Arbués/João Ormond)

 

EM BREVE ESTARÁ PUBLICADO O SITE DIVINO ARBUÉS, QUE SERÁ MAIS UM CANAL DE DIVULGAÇÃO DO NOSSO TRABALHO. ENTRE MUITOS MATERIAIS, LÁ ESTARÃO DISPONÍVEIS 12 PODCASTS RESULTANTES DO PROJETO ROMANCE DE RIO E SERRA, CONTENDO A ANÁLISE COMPOSICIONAL E O ÁUDIO DE CADA MÚSICA ESCOLHIDA NO PROJETO. COMO EXEMPLO, PUBLICAREMOS AQUI O PODCAST DO EPISÓDIO 09, REFERENTE À MÚSICA VOCÊ NO MEU MUNDO (D. ARBUÉS/J. ORMOND). E, ABAIXO DO VÍDEO, A SUA LETRA.



VOCÊ NO MEU MUNDO

                                                       (Divino Arbués/João Ormond) 

QUERO OUVIR DO VIOLÃO

O ACORDE MAIS VIBRANTE

BRINDANDO O AR COM UMA CANÇÃO

QUE LHE DIGA MEU AMOR

PRECISA A VIDA DE EMOÇÃO

DOCE, PURA, DELIRANTE,

DELIRA A CORDA EM AFINAÇÃO

PRA HARMONIZAR A DOR

 

PARA PALAVRAS ERRANTES

DE AMOR UM TEMA

PRA LEMBRANÇA DE UM CARINHO

RESPIRAR PROFUNDO

PARA CORAÇÕES DISTANTES

UM TELEFONEMA

PRA ENCHER ESSE VAZIO

VOCÊ NO MEU MUNDO

 

PRA EXPRESSAR O SENTIMENTO

MÚSICA QUE ENLEVE

PRA CONTER A DOR E O RISO

UM VERSO FECUNDO

PRA GOZAR A INTENSIDADE

PRAZER E VERDADE

VOCÊ NO MEU MUNDO

 

QUERO CANTAR O MEU AMOR / NO POEMA DESSE INSTANTE

QUERO TOCAR A INSPIRAÇÃO / VENHA ELA COMO FOR

PRECISA A VIDA DE EMOÇÃO / DOCE, PURA, DELIRANTE,

DELIRA A CORDA EM AFINAÇÃO / PRA HARMONIZAR A DOR

 

PARA PALAVRAS ERRANTES / DE AMOR UM TEMA

PRA LEMBRANÇA DE UM CARINHO / RESPIRAR PROFUNDO

PARA CORAÇÕES DISTANTES / UM TELEFONEMA

PRA ENCHER ESSE VAZIO / VOCÊ NO MEU MUNDO

 

PRA EMBALAR A MADRUGADA

TENRA MELODIA

TUDO DE TRISTE E PERIGO

SOLTE NUM SEGUNDO

PRA QUE VENÇA A POESIA

PRA UM FINAL FELIZ

VOCÊ NO MEU MUNDO

UM FINAL FELIZ FAZ NOSSO O MUNDO

UM FINAL FELIZ PAZ NO NOSSO MUNDO


quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Rio e Serra — mais um livro de Divino Arbués em formato digital

Já está disponível o acesso gratuito ao livro Rio e Serra, em formato digital. A obra traz o enredo que envolve os personagens Lui e Naira em toda a riqueza da cultura regional.

O e-book ainda presenteia os leitores com links para algumas canções de Divino Arbués, que compõem o romance, tal qual Afluente e Quarto Crescente. É parte do projeto Romance de Rio e Serra, realizado pela Lei Aldir Blanc, SecelMT, Secretaria Especial de Cultura e Ministério do Turismo do Governo Federal.


Clique no link abaixo para ler o livro.


RIO E SERRA — ROMANCE

 

Por Kuya Comunicação — Cuiabá/2021

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Ouça a música Romance de Rio e Serra, tema instrumental

Está disponível a música instrumental Romance de Rio e Serra (Divino Arbués). A imagem do clipe é de uma tela da artista plástica Marilene Arbués, retratando o encontro das águas dos rio Garças com o Araguaia, tendo ao fundo a Serra Azul. Esse é também o cenário aonde se passa a trama do livro Rio e Serra, romance escrito pelo mesmo autor e que estará disponível nesse blog, em breve.

Clique no link abaixo para ouvir a música: